23 de setembro de 2021

Desafios enfrentados pelos educadores brasileiros crescem durante a pandemia

Pesquisa aponta que menos da metade das escolas brasileiras têm internet considerada adequada pelos educadores

Professores (1)

Com a chegada da pandemia em 2020, o cenário de desafios na educação básica e pública no Brasil exigiu mais atenção no direcionamento de esforços e convergências para essa causa. 

Para ampliar a qualidade da educação pública no país, desde 2014 o Instituto Alcoa atua por meio do programa Ecoa, que atualmente busca oferecer às secretarias de educação formação, conhecimento e metodologias que ajudem a superar os desafios de cada localidade e aqueles impostos com a chegada da pandemia. 

“As ações planejadas tiveram que se adequar para apoiar as secretarias de educação no planejamento de ações urgentes e específicas para cada localidade”, comenta Monica Espadaro, gerente de projetos comunitários do Instituto Alcoa, sobre a atuação do programa em relação às dificuldades recentes. 

Os desafios que o Programa Ecoa encontra nos municípios onde atua são semelhantes às outras redes de ensino no Brasil. “São questões na infraestrutura, mudanças na gestão - fazendo com que as metas estabelecidas passem por revisões e dificultando a ação no longo prazo -, a manutenção ou a melhoria dos índices de acesso e permanência dos alunos - garantindo que tenham uma trajetória escolar de sucesso -, e a inovação frente aos desafios da gestão educacional, especialmente considerando o cenário da pandemia”, explora a gerente.

Pandemia e a situação dos educadores no país

Um país tão grande como o Brasil possui inúmeros desafios. Para Barbara Panseri, coordenadora de projetos da Fundação Lemann, além de ter de lidar com obstáculos sociais, “Os professores e professoras ainda precisam enfrentar diariamente a baixa valorização da categoria pela sociedade. Eles tiveram desafios enormes na pandemia, mas mesmo assim se adaptaram, aprenderam a lidar com a tecnologia e usá-la a favor da educação.”

Realizado pela Fundação Lemann e encomendado pelo Datafolha, um estudo com mil professores da rede pública mostrou que, após a crise da Covid-19, eles se sentem mais preparados e pretendem usar mais ferramentas tecnológicas em sala de aula.

Para a coordenadora, comunidades com baixo acesso à internet

tornaram a figura do professor ainda mais importante, como aquele que garante o vínculo entre aluno e escola. Além disso, a mesma pesquisa apontou que metade dos educadores entrevistados não consideram a qualidade da internet oferecida, adequada para lecionar.

“Justamente por essa diferença entre cada família e aluno, o fechamento prolongado das escolas fez com que as diferenças de aprendizagem dos estudantes aumentassem muito. Outro desafio dos educadores é o de recompor a aprendizagem das turmas e, para isso, é necessário fazer avaliações formativas para entender em que ponto cada criança e adolescente parou.”

Apoio aos educadores

Segundo Barbara, a gestão escolar pode e deve se mobilizar para garantir formação continuada e melhores condições de trabalho para os educadores dentro das escolas. 

“Diretores e coordenadores pedagógicos devem atuar diretamente com o professor, apoiando-o nas demandas diárias. Equipes técnicas e lideranças das secretarias também precisam desempenhar esse apoio, tanto aos educadores quanto aos gestores. Especialmente no contexto que vivemos hoje, com escolas começando a reabrir em formato híbrido e com a necessidade de recompor a aprendizagem perdida durante o período de fechamento, o corpo docente enfrenta vários desafios”, pondera.

Outro olhar atento após a pandemia deve estar sobre as questões socioemocionais dos profissionais da educação que atuam nas salas de aula pelo Brasil. Deve ser oferecido apoio com formações ligadas à saúde mental, restabelecendo vínculos de confiança entre os educadores e a comunidade escolar e oferecendo acolhimento frente a tantas mudanças e desafios, reforçando a importância do olhar para a saúde mental da categoria.